Como já havia previsto em crônicas anteriores, o STF aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo. As igrejas não têm o poder nem o direito de ditar normas ao Estado, que é laico. Nem se imiscuir nos princípios que regem a administração pública, nem na vida privada das pessoas. Por isso, compete ao Estado aplicar os princípios básicos que sustentam a democracia, com a finalidade de disciplinar as relações sociais, objetivando alcançar a prosperidade numa sociedade organizada.

Mas a igrejas são instituições formadas por cidadãos que cumprem a lei, e, como membros de uma sociedade democrática, têm direito de participar do debate de temas que afetam a vida de todos. O direito que têm as pessoas do mesmo sexo de terem sua união reconhecida pelo Estado para efeitos patrimoniais, de herança e previdenciários, não pode ser contestado pelas igrejas. Mas quando o Estado define tal união como "família" e lhe confere o direito de adotar crianças, tal decisão atinge a vida de todos. Ora, trata-se de uma união "homo-afetiva", não, de uma família. Família no sentido tradicional é a união de homem, mulher e dos filhos gerados ou adotados pelo casal. Os filhos têm como referência de sua identidade o homem e a mulher, o macho e a fêmea, cujas presenças são insubstituíveis para a formação do caráter da pessoa humana. Transformar a união homo-afetiva em família é ato que navega contra o bom senso social e o direito natural. Não é preconceito religioso. Quando a Bíblica diz que a criatura humana criada por Deus é o homem e a mulher juntos, não está somente sacralizando a relação homem-mulher, mas está explicitando uma regra de direito natural. Homem e mulher estão voltados um para o outro não apenas para procriar, mas para dar vida e organização à sociedade. Cada um age de acordo com as habilidades próprias da sua natureza, da sua psicologia. Dois homens ou duas mulheres juntas, não têm a percepção existencial, nem a criatividade realizadora do macho e da fêmea, que os leva a construir o mundo para seus filhos.

A ordem na sociedade é que as relações de família exigem a participação do homem e da mulher. Todos somos filhos de um pai e de uma mãe. Somos identificados pela carga genética e psicológica que herdamos de um e do outro. Imagine um jovem, filho adotivo, que traz na sua carteira de identidade os nomes de dois homens homossexuais exercendo o papel de pai e de mãe? Ou o nome de duas mulheres no mesmo papel? Imagine como ele se sentiria toda vez que tivesse que declinar o nome dos seus "pais". Conheci um casal de homossexuais que criou dois filhos de parentes próximos. Quando crianças os meninos eram muito apegados aos "pais". Mas quando seus olhos se abriram para o relacionamento "familiar" em que viviam, ficaram tão revoltados que esbofeteavam com freqüência os "pais" e passaram a delinqüir. Depois de várias passagens pela FEBEM, hoje cumprem pena em uma penitenciária pelos vários crimes que cometeram.