Lula defende Dilma com unhas e dentes. Um presidente da República, eleito na forma da Carta Magna, não pode e não deve fazer campanha eleitoral para nenhum candidato, nem partido. O presidente defendeu com unhas e dentes o regime republicano e a democracia para chegar ao poder; agora, rasga a Constituição, como fazem os ditadores. Um presidente é presidente de toda a Nação, nela incluindo os que não comungam com sua ideologia política. Mas, Lula, só pensa no seu projeto de poder. Esqueceu o projeto proposto para o país no primeiro mandato. O "bolsa família", que se transformou em uma "família de bolsas", é um projeto político. Muita gente no país abandonou o emprego para viver de "bolsas". Com essa "bondade" ele se tornou o presidente mais popular do país. Qual é o pobre que vai deixar de votar em quem lhe proporciona viver sem trabalhar? O presidente é esperto. Sabe que o pobre se contenta com pouca coisa. As bolsas são como dádivas divinas e o presidente, como o novo "messias". É como se estivéssemos reeditando a ilusão de Antônio Conselheiro.

Mas as próximas décadas demonstrarão que o Brasil não cresceu como o governo propaga; ao contrário, recuou. Os efeitos de correr, inescrupulosamente, em busca de um projeto partidário de poder, serão tão catastróficos para o país, quando os efeitos da rebeldia da natureza contra as agressões humanas a ela imposta. Não se constrói uma nação doando bolsas, mas capacitando os cidadãos para o trabalho e gerando emprego. O homem brasileiro não quer esmolas, quer trabalho, para elevar a autoestima e construir o seu futuro. Mas Lula esqueceu o que prometeu: "que um país se constrói com operários trabalhando e tendo acesso aos bens que produzem". O país dos sonhos de Lula onde todos os operários teriam trabalho e salário virou o país onde os pobres têm bolsa. Pão e circo, foi a lição aprendida dos romanos.

Do lado oposto dos brasileiros pobres está a elite do partido, que outrora era chamada de "sindicalistas". Ela se apropriou dos cargos públicos como se fosse propriedade privada. Na era Lula não existem greves porque os sindicalistas estão no poder. A luta sindical foi finalmente recompensada. Essa nova oligarquia nem pensa em deixar o poder. É por isso que Lula precisa eleger Dilma a todo custo. Chegar ao poder também era projeto de Dilma deste os tempos do MRV Palmares: "só a revolução vence o capitalismo". Nessa ratio, Dilma faz parte do projeto de poder do partido. Depois do primeiro mandato de Dilma, Lula se candidata novamente; vence, e governa mais oito anos. Com a troca de votos por bolsas, depois de mais oito anos ele lança uma nova criatura. O projeto sonha com trinta anos de poder. Até lá, todos os companheiros estarão ricos e aposentados, fato que já foi amplamente caracterizado com o mensalão. Qual o projeto político no país de hoje que não vislumbra o enriquecimento pessoal? Todos receberão o seu quinhão.

Paulo Pinto é pároco de NS de Lourdes.