Semanas atrás a imprensa noticiou a filiação do ex-craque Romário, assinando ficha de filiação ao PSDB, que pretende lançá-lo deputado federal nas próximas eleições. No Brasil, parcela considerável de "vedetes" de todas as passarelas adentram as casas legislativas, legitimadas pela fama que possuíam junto à opinião pública. Apresentadores de tevê, radialistas, cantores, atores, jogadores de futebol. Em sou daqueles que pensam que deveria haver um concurso de provas e títulos para selecionar os candidatos ao Congresso Nacional. O pretendente deveria ser examinado em todas as disciplinas compatíveis com a dignidade que a Constituição Federal requer do cidadão comum quando deseja conquistar cargos públicos, tais como honra, moral, ética, respeito ao próximo e ao patrimônio da sociedade. Educação, cultura, trabalho, dever cívico. Mas, sobretudo, se o candidato está apto a servir à coletividade e trabalhar pelo crescimento do país. Aí é que a coisa pega: trabalhar pelo país.

Historicamente entre nós, as oligarquias políticas e econômicas utilizaram o poder para trabalhar pelo crescimento delas mesmas. Gerações de brasileiros se revezaram na posse do poder com a única finalidade de enriquecer, saqueando o país. Mas isso não foi coisa do passado. Essa mentalidade está tão arraigada na consciência das elites, que quase ninguém chega ao poder pensando em servir o país. Mesmo quando a classe popular conquista o poder por meio de representantes vindos dos meios de comunicação social, o país não muda. O discurso do candidato pobre não passa de uma simulação. Quando ele chega ao poder, muda, completamente, aliando-se aos usurpadores da nação. Com pessoas famosas acontece a mesma coisa. É o caso do Romário. Pródigo com a bola nos pés, ficou rico; mas ganhou notoriedade pelo exuberante gosto por mulheres famosas e bonitas. Agora, na "aposentadoria", não tem como manter o excessivo luxo em que vivia, nem a boa vida noturna das baladas. Perdeu a sua cobertura em Copacabana para pagar pensão alimentícia aos filhos, e, o resto dos seus bens, são reivindicados a título de pensão pelas belas mulheres com quem viveu. Dinheiro acaba, especialmente quando se namora mulheres famosas. Diante desse quadro, o ex-craque, decidiu entrar na política, a única profissão no país da qual não se exige diploma algum.

Imagine o Romário como deputado federal. Ele que sempre faltava aos treinamentos dos times pelos quais jogou. Chegava às concentrações de vésperas de jogo sempre de manhã, depois de haver passado a noite em baladas. Imagine-o morando no Rio e trabalhando em Brasília. Provavelmente vai chegar quarta e voltar quinta-feira, porque ninguém é de ferro.  Afinal, quem foi rei não perde a majestade. Essa última jogada será mesmo espetacular.

Paulo Pinto é pároco de N S de Lourdes.