O Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos aprovado pelo governo federal, além de pretender levar ao Congresso Nacional para aprovação o aborto, como mencionei na semana passada, pretende também legalizar a união civil entre homossexuais, criando novo tipo de família, legalmente constituída. A Igreja se opõe por várias razões. Inicialmente, nunca é demais lembrar, que a Igreja não se pronuncia sobre a vida privada das pessoas. No entanto, nos temas que afetam à sociedade, às instituições e, especialmente, à família, ela entende ser seu dever lembrar a doutrina cristã a respeito do assunto. A união civil entre pessoas do mesmo sexo é tema de domínio público, com repercussão direta na vida familiar e social. Como tem sido incansável em propor os valores constantes do Novo Testamento, em favor da família, a Igreja avoca para si o direito de participar do debate.

A Bíblia relata que Deus criou o homem e a mulher e os destinou um para o outro. Na verdade, a teologia bíblica vai mais além e assegura-nos que a criatura humana é o homem e a mulher juntos; isto é, a criatura humana não é um nem outro, é os dois, em família. Em família, somos a imagem e semelhança de Deus. Sejamos claros, dois homens juntos, em união civil, estão fora do projeto do Criador, pois não externam a imagem de Deus. Não externam a imagem do Criador, porque a união não é harmônica, nem de corpo nem de espírito, pois contraria a natureza humana. Não é a Igreja que não a aceita, é o projeto do Criador. É verdade que alguns toleram; outros fazem vista grossa, mas, no íntimo, incomoda à alma. Há uma harmonia intrínseca aos seres criados, como há uma harmonia intrínseca à natureza humana. Como animal que tem consciência da sua existência, o homem também tem consciência do bem e do mal: tem consciência moral. Ou seja, aquilo que está fora da harmonia original, não é aceito pelo crivo moral. É por causa dessa doutrina bíblica que a Igreja não aceita a união civil entre homossexuais. Se do ponto de vista bíblico a união se revela uma desordem da natureza, a família corre o risco de perversão. Imagine uma criança adotada por um casal gay. Quando crescer, quem será o pai ou a mãe? A presença do homem e da mulher na formação da personalidade do indivíduo é fundamental para a fixação da identidade masculina ou feminina da criança. Além disso, na sociedade existem homens e mulheres. Mesmo o homossexual tem a aparência física de homem ou de mulher, embora na mesma pessoa se misturem as duas identidades. Conviver com tal mistura, exercendo o papel de pai ou mãe, criará na cabeça da criança uma confusão psicológica de conseqüências inimagináveis. Ela não terá em casa um modelo feminino se for menina, nem masculino se for menino. Se a simples ruptura da família natural com o divórcio dos pais deixa os filhos revoltados, imagine-se crianças criadas num ambiente que além de não ser natural, não tem homem nem mulher? Paulo Pinto é pároco.