O Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos foi uma rasteira que o Lula deu na sociedade brasileira no final do ano passado. Enquanto todos celebravam o Natal, a festa do nascimento de um bebê, ele assinava o Plano que pretende legalizar a matança de bebês antes de nascer. É o ápice da crueldade humana elevada à sofisticação democrática de "direito da mulher sobre seu corpo". Quer dizer, o Estado irá praticar o aborto porque é direito da mulher não ter os filhos que não quiser. A mulher pode ser dona de seu corpo, da sua vontade, do seu futuro, mas não o é da sua maternidade. A maternidade diz respeito ao direito natural e não à vontade humana. A vontade humana pode se harmonizar à natureza, mas pode ser contrária a ela, como é o caso da política de Estado que o Plano quer implantar. Maternidade é sinônimo de vida. E a vida não nos pertence. Se pertencesse, não morreríamos e só nasceríamos se quiséssemos. Mas como não pedimos para nascer e nem vamos evitar a morte, a vida não nos pertence. A mulher é dona de seu corpo, não da vida que está nele. O Estado promove o bem comum e o bem estar dos cidadãos, mas não é dono da vida deles.

A Igreja defende a vida. É seu papel. A religião cristã é defensora da vida, conforme a revelação bíblica. Na Bíblia a vida começa com a fecundação. A obra de Deus inicia no microuniverso. É a fase mais sagrada da vida, porque as células de todos os órgãos estão sendo formadas. Das unhas à complexidade do cérebro. Da cor dos olhos à subjetividade do psiquismo. Dizer que um embrião de seis semanas ainda não é humano só porque ainda não tem a forma definida, é a mais ignóbil cegueira. Cegueira dos que confundem a vida com formas materiais. Por trás das formas existe um universo de realidades e mistérios não apreendidas pelos que vegetam unicamente na aparência da existência. Para muitos a existência é simplesmente carnal e material. Da fecundação à expulsão do seio materno acontece o milagre da vida, que só a genialidade do Criador poderia produzir. É nesse momento que o nosso eu individual e o nosso ser pessoa são formados. "Desde o seio materno eu te formei. Desde o seio de tua mãe eu te chamei. Quando ainda eras plasmado Eu te conheci", repete o salmista. Se a destruição da natureza e dos ecossistemas têm causado grandes convulsões naturais e cósmicas trazendo tanta dor para a humanidade; a destruição do ser humano inocente e sem defesa evoca as sociedades mais primitivas. Enquanto a humanidade evolui nas tecnologias, biotecnologias, engenharia genética, exploração espacial; parece voltar à caverna na conquista ética e moral. Ou seja, o ser humano continua sendo aquele animal primitivo, potencialmente preparado para atacar, com a mais sutil violência. Poderia haver violência maior do que a de quem agride um ser frágil e sem defesa? A Constituição Federal defende o direito dos que ainda não nasceram. Teremos que mudar a Constituição para declarar a morte deles. Que uma pessoa cometa um crime é compreensível na complexidade da vida social, mas que o Estado o institucionalize, é incompreensível.

Paulo Pinto é pároco.