O ministro Tarso Genro concedeu asilo político a Cesare Battisti, sob o fundamento de que ele não teve direito de defesa na Itália, princípio basilar dos conflitos de interesses nos estados de direito. No Brasil se isso vier a acontecer em ações penais, o processo resulta totalmente nulo. Mas Tarso Genro não decidiu sozinho. O presidente da França Nicolas Sarkozy e Carla Bruni, a beldade italiana simpática à causa da esquerda radical italiana, estiveram no Rio de Janeiro para passar o Ano Novo com Lula e D. Marisa. Quando publicada a decisão do ministro brasileiro, especulou-se em Paris que o casal presidencial francês estivera no Brasil para interceder por Battisti. Tarso Genro e Lula sabem que pela lei brasileira depois da concessão de asilo político a estrangeiro, vítima de perseguição em seu país, essa decisão só pode ser revista pelo chefe do executivo, por tratar-se de um ato de soberania como disse Lula, que bateu o martelo encerrado o caso. O caso encerrado é delicado, pois não envolve um simples dissidente político, mas um réu condenado pela prática de quatro homicídios.

 

A lei brasileira protege perseguidos que divergem da ideologia política de seu país, mas não terroristas, que assassinam impiedosamente civis inocentes para conseguir seus objetivos. A decisão de Tarso Genro não considerou a condenação de Battisti pelos assassinatos, mas, simplesmente, como refugiado político. Eis o ódio dos italianos: o Brasil achar que a democracia italiana é fajuta a ponto de condenar um inocente, sem dar-lhe direito de defesa. Importante ter presente que Tarso Genro usou o cargo de ministro de estado para proferir decisão pessoal e ideológica em favor de um militante político de esquerda, vez que Battisti pertenceu ao Grupo dos Proletários Armados pelo Comunismo, facção de extrema esquerda inspirada nas Brigadas Vermelhas, grupo que matou centenas de pessoas em dez anos de atuação na Itália na década de 70.

No Brasil os políticos falam de democracia, o governo do povo, mas, na prática, governam para si mesmos. Tarso Genro ao receber o pedido de asilo político de Cesare Battisti, se quisesse proferir decisão de estado deveria ter enviado o processo ao Conselho Nacional de Refugiados para análise. Se fizesse isso saberia que Battisti fora condenado pela justiça de Milão por quatro assassinatos, e a decisão foi mantida em segunda e terceira instâncias, com direito de defesa e com várias testemunhas de acusação; logo, por tratar-se de um terrorista e não de um militante político de esquerda, o processo deveria ter sido julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Mas, como o asilo é também do interesse da beldade Carla Bruni, Lula confirmou o decreto do ministro encerrando o caso.

A ideologia de esquerda ou de direita quando radical é irracional, egoísta e imoral. Ela se reporta ao homem das cavernas, período anterior ao desenvolvimento da razão. Os jovens cubanos que desejavam viver livres praticando esporte no Brasil foram capturados e deportados imediatamente para Cuba. Esses sim eram refugiados políticos. A Constituição Brasileira protege o refugiado político e repudia o terrorista. Nos dois casos Lula desobedeceu a Carta Magna. O STF não vai mudar um ato político de soberania do país, mesmo praticado com abuso de poder, mas deveria.