Pedofilia é uma psicopatia. Ou seja, é uma doença mental, caracterizada pela atração sexual por crianças, que retira do pedófilo o controle dos atos criminosos que pratica. É pela vontade doentia, que aniquila a censura moral, que é classificada como doença. A compulsão pela prática sexual é tão grande que o agente não percebe o caráter criminoso do ato que pratica. É uma doença que está presente em todas as classes sociais em percentual elevadíssimo. O maior índice de pedofilia acontece no círculo familiar. Padres são homens que vieram da sociedade e, porisso, podem trazer a doença, como temos visto. Mas, a Igreja tem sido particularmente cuidadosa na seleção e formação de seus presbíteros. Tem se debruçado, sobretudo, na formação humana dos candidatos, procurando perscrutar-lhes o caráter, a fim de diagnosticar os vícios de personalidade que inviabilizam o exercício do ministério sacerdotal. Psicólogos, psicoterapeutas, orientadores vocacionais, pedagogos e especialistas em espiritualidade se revezam em perscrutar e formar o caráter daqueles que receberão as ordens sagradas. Mas tudo isso não basta. Em muitos casos, o vício se esconde no âmago da alma, onde a percepção dos especialistas não consegue chegar. Esses recorrem à vida sacerdotal para esconder o mal que carregam. E escondem bem. Nem os testes mais avançados de psicologia podem detectar. Como não têm vocação à disciplina eclesiástica e não compreendem a doação inerente à consagração religiosa, vivem frustrados por não poder dar evasão ao mal que carregam e, assim, desenvolvem a doença.

Ora, as autoridades eclesiásticas na têm culpa por tais crimes. Ninguém tem culpa quando pessoas com doenças psiquiátricas atacam. O Papa, os Bispos, os superiores religiosos, tomaram todas as providências cabíveis para bem formar a mente e o coração dos que desejaram se consagrar a Cristo. A última coisa que as autoridades eclesiásticas poderiam esperar é que praticassem crimes. Especialmente contra crianças. Neste ponto do problema toda a sociedade está de acordo. Noutro, não. Para a sociedade, quem toma conhecimento de crimes sem denunciá-los, ocultando o delinqüente, associa-se ao autor na prática de ilícito e também deve responder pelo ato. É o que diz o direito penal da maioria dos Estados signatários da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Crimes contra crianças são crimes contra a humanidade. Mas, mesmo neste ponto tão delicado a sociedade deve olhar para a Igreja, não como uma Corporação fechada, protetora do delinqüente, mas como seguidora de Cristo na pratica da caridade. Bispos, Papas e outras autoridades religiosas não são juízes que devem sentenciar os criminosos; nem são delegados de polícia que devem prender e elaborar libelo contra o acusado. Essas autoridades religiosas estão colocando em prática a mais genuína doutrina de Cristo, ao buscar a correção do delinqüente. Como Cristo que não excluiu nenhum pecador de seu rebanho, a Igreja deseja o arrependimento e a conversão do pedófilo. Mesmo sob o olhar desconfiado que a sociedade nos impõe. Não somos responsáveis, mas estamos todos sofrendo. Paulo Pinto é pároco.