Um cristão no lugar certo?

O Concílio Vaticano II frisa sobremaneira o papel do leigo. Compete ao cristão corrente estar inserido no século, isto é, no mundo, inculcando os valores evangélicos. O evangelho tem de ser o parâmetro para a tomada de decisões do católico; não basta um mero fervor piegas ou a missa dominical, pois é mister assumir os compromissos concretos em prol da edificação do reino de Deus: sociedade justa e fraterna, com vida abundante para todas as pessoas, sem exceção.

Estes dias a imprensa tem dado um destaque a respeito do problema da biossegurança. A câmara está prestes a votar a lei que autorizará a pesquisa com células embrionárias. A Igreja católica tem uma postura séria sobre este problema. Afinal de contas, não existe qualquer entidade que conheça tão bem o ser humano. O Concílio afirma que a Igreja é "perita em humanidades". A propósito, esta assertiva é aceita até por ateus cultos e sinceros, porquanto a Igreja escruta a alma humana há dois mil anos; não são três, nem trezentos anos...

Para sintetizar o posicionamento da moral católica, a Igreja explica que o embrião é uma pessoa humana autônoma, feita à imagem e semelhança de Deus, tal como eu, que estou a redigir estas linhas, e você, que pacientemente as lê. Neste diapasão, admitem-se as experiências e incursões em células-troncos adultas, vez que não se vulnera a vida humana. O argumento de que a pesquisa implicará inúmeros benefícios é um sofisma: primeiro, porque, não se conhecem todos os recursos, já que há muita coisa em fase de pesquisa (certamente, os paraplégicos que visitaram o presidente da câmara não estarão sãos e andando na semana que vem, caso o mefistofélico projeto seja aprovado); segundo, porque - e este argumento é fundamental para os crentes - o embrião é vida humana e não pode ser sacrificado em hipótese alguma. Matar inocentes para socorrer outras pessoas? Esta é a lógica dos defensores do infausto projeto?

Voltando, agora, ao tema encetado no primeiro parágrafo. O presidente da câmara, deputado Severino Cavalcanti, é, segundo diz, católico praticante. Ora, seja, então, coerente com a moral evangélica e com o magistério da Igreja que Jesus fundou: barre este projeto, ou seja, não o coloque na ordem do dia. Se o aludido parlamentar agir desta maneira, tenho certeza que estará prestando relevante serviço à nação, ou melhor, à vida.

Deputado, não tenha respeito humano. Aborte este projeto terrivelmente satânico!

Edson Luiz Sampel