Dom Benedicto de Ulhoa Vieira*

Realizou-se a festa da Medalha, como chave de ouro do ano litúrgico da Igreja, cujo início se deu no dia 28 pp. no 1º Domingo do Advento. Nos nove dias que precederam a festa, o Santuário esteve repleto de fiéis. No dia da festa o templo ficou pequeno para as multidões que se revezavam. Não se pode fechar os olhos à amorosa e confiante devoção do povo cristão à Mãe de Deus. Assim pelas mãos de Maria Santíssima, entramos no Ano Novo da Igreja.


Há mais de dois mil anos, chegou para a humanidade o Filho de Deus na noite bendita de Belém. Ele veio na terna figura de criança. Chamou os pastores pela voz dos anjos. Atraiu os misteriosos magos pela estrela que se acendeu no céu. É o Salvador: "Nasceu hoje para vós o Salvador". É preciso correr, como os pastores, para encontrá-lo. Por isto a Epístola aos Hebreus (4,1) nos adverte: "Tenhamos o cuidado de se não achar entre vós quem chegar atrasado".


Nunca talvez o mundo, incluso o Brasil, estivesse tão necessitado de rever seus caminhos e reformá-los. O pecado, que nos desvia de Deus e do verdadeiro amor ao próximo, reina por todos os quadrantes da terra. A violência que amedronta, as injustiças que geram vinganças, as desonestidades que revoltam, a sensualidade solta que corrompe, as autoridades inertes que discursam em reuniões inócuas, a riqueza provocante que gasta sem controle, a miséria anti-humana que escancara o câncer da sociedade, tudo isto recorda o pecado pessoal e social. A vinda misericordiosa de Jesus Salvador é convite amoroso de Deus para nossa conversão sincera e eficaz.


Na história da humanidade, sempre o homem andou às apalpadelas à procura de Deus. Mas agora, com a chegada da plenitude dos tempos, com o advento do Salvador, tornou-s evidente que é Deus que vem à procura e à busca do homem. Pela encarnação do Verbo no seio virginal de Maria e por seu nascimento é Deus mesmo, em pessoa, que vem mostrar ao homem o caminho por onde se possa atingi-lo.


Note-se porém que o coração humano tem de abrir-se ao gesto salvador de Deus. E mais ainda: note-se que as portas e janelas do coração só se abrem por dentro. E quando, na noite estrelada, os carrilhões das torres anunciarem a chegada do Menino-Deus, abram-se sem medo as portas ao Salvador. Quando Ele entrar, a salvação chegou!

*Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.