Dom Benedicto de Ulhoa Vieira*

Andei lendo outro dia casualmente, num pequeno jornal religioso, um pensamento de um desconhecido santo - São José de Copertino. Ele fala do amor. Sem este amor acendrado por Deus ninguém pode chegar à perfeição. Quem tem o coração sempre pulsando de amor é como o sol que ilumina as frondes das árvores e dá vida ao que lhe esteja ao redor. É o que diz o Santo.
Admirável de fato a força criativa do amor. Só mesmo o amor desprendido pode explicar a existência de tantas casas que acolhem pessoas desprovidas de meios para sobreviverem. Penso na multiplicidade de creches, de asilos para idosos, de hospitais que acolhem doentes que, de outra maneira, não teriam quem deles pudesse cuidar.
Felizmente temos na nossa cidade vários organismos de caridade. Sem excluir ninguém, lembrem-se os leitores da Toca de Assis, dos Asilos São Vicente e Santo Antônio, das numerosas creches que acolhem crianças, cujas mães precisam trabalhar fora de casa. Acrescente-se ainda a silenciosa e eficiente Sociedade de São Vicente de Paulo, cujos membros são os anjos bons que visitam e socorrem os pobres em suas residências para levar-lhes, com a Palavra de Deus, o socorro para suas precisões.
Diante de tantas obras caritativas - silenciosas e eficientes - temos de lamentar os gastos astronômicos que habitualmente se fazem na vida social da cidade, como na época do carnaval e em outras ocasiões, sob pretexto de divertimento e outras comemorações. Seria necessário repensar com objetividade alguns acontecimentos provocantes diante da miserabilidade de tantas pessoas. As verbas oficiais deveriam ser mais cuidadosamente decididas em favor de quem de fato as merece.
O grande modelo do amor pelos que vivem e penam na pobreza é São Vicente de Paulo, varão apostólico e "pai dos pobres", como o martiriológio romano o apelida. Foi por isto que o papa Leão XIII o declarou padroeiro de todas as associações de caridade existente na Igreja. Sua festa é celebrada a 27 de setembro na liturgia católica.
Agora, passados os dias tresloucados do carnaval, já bem no espírito da quaresma, que é de reflexão e conversão, é oportuno refletir sobre o amor que deve acalentar o nosso coração e levar a gestos que se abrem em favor dos menos favorecidos. São muitos e são nossos irmãos.

*Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.