Dom Benedicto de Ulhoa Vieira*

Nestes primeiros dias do ano que se está iniciando, as pessoas, ao encontrarem-se, saúdam os amigos e conhecidos, exprimindo seus votos de felicidades para o ano novo. Muitos dizem: "que este ano seja melhor do que passou". São maneiras de as pessoas amigas exprimirem seus votos.

Estes bons desejos, por gentis que sejam, não podem causar o que exprimem. Será nosso esforço, nossa dedicação, nosso trabalho que, com a proteção divina, podem oferecer-nos dias melhores e benéficos resultados.

Duas preocupações merecem nossos cuidados neste ano que está começando. A primeira se refere ao fato de ser um ano de eleições no Brasil. Muitos candidatos vão solicitar o nosso voto, prometendo dedicar-se à busca do bem estar de nossa cidade ou de nosso país. De nossa parte, como eleitores, temos o direito e o dever de examinar não o que nos é prometido, mas a capacidade intelectual, a honestidade, a história pessoal e o projeto que o candidato diz que deseja executar no seu mandato, se for eleito. Os fatos, de que todos temos conhecimento pelo noticiário, mostram que muitas vezes os que foram eleitos por nós não honraram a confiança que se lhes atribuiu. Triste, mas real.

A segunda preocupação, que não podemos eliminar de nossa vida, é o relacionamento pessoal com nosso Deus. Há infelizmente pessoas que vivem como se Deus não existisse. Vivem sem nunca lembrar-se dEle. Para muitos é o eterno esquecido.

Não me dou aqui ao trabalho de provar a existência de Deus, porque já Aristóteles, no mundo grego pagão, nos deixou a lúcida argumentação da existência de um Ser superior a quem chamou de "motor imóvel". E Dante, no canto primeiro do paraíso, repete que Deus é "colui che  tutto move, cuja glória penetra o universo e resplendece ". O que nos interessa é relacionarmo-nos com este Senhor que, além de nos dar a existência, nos assiste com paternal providência ao longo de nossa vida.

A Bíblia, mostrando a onipotência divina, poeticamente coloca nos lábios do Criador algumas perguntas dirigidas ao sofredor Jó, referentes ao nosso assunto: "Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra?... Quem fechou com portas o mar?... De que lado mora a luz e onde residem as trevas?" (Jó, cap. 38, passim).

O texto fala ainda do orvalho, da geada, das nuvens e dos cântaros de água que caem do céu. Há por certo um Ser onipotente que tudo fez e tudo governa. É com este Ser supremo que devemos relacionar-nos por que dEle dependemos em todos os momentos de nossa existência.

O ano novo, que está no seu início, é um convite para pautar nossa vida nos caminhos de Deus e viver sob seu paterno olhar. Assim o ano novo poderá ser mais feliz e melhor do que o ano que passou. Neste sentido é que podemos desejar aos amigos toda a felicidade no ano que estamos começando a viver por concessão misericórdia de Deus e sob a chuva de suas bênçãos.

*Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.